Em um relacionamento sério | Crítica

Crítica

Em um relacionamento sério é o tipo de filme para quem prefere diálogos as cenas com pouca ação. Por se tratar de relacionamentos, a premissa não poderia ser diferente, afinal, os assuntos parecem brotar de uma necessidade incessante de discussão. O tempo funciona como o par perfeito para aqueles que colocam em palavras todas as suas angústias, desejos e irritações. Com dois casais muito simpáticos e, por vezes, improváveis – se é que podemos falar sobre improbabilidade quando caímos no terreno dos relacionamentos – Em um relacionamento sério é interessante por não se resolver.

A espera por tramas muito bem delimitadas e que trabalham com a cientificidade da causalidade não pretende mais ser a grande preocupação dos roteiristas – será que, de forma muito clichê, mas bastante firme, podemos dizer que a arte imita cada vez mais a vida? Para alguns as resoluções que ficam no ar são motivos de irritação ou furos de roteiro, mas para outros o charme da história se encontra bem aí, em deixar-se levar para algum lugar que não sabemos onde vai dar – e ficamos sem saber até o final da história.

Ao promover um tipo de comparação entre os casais – Hallie (Emma Roberts) e Owen (Michael Angarano) que já estão há anos juntos e Willa (Dree Hemingway) e Matt (Patrick Gigbson), que ainda vivem o início do romance, o filme de Sam Boyd revela que as complexidades são inerentes e não estão ligadas, por exemplo, ao tempo de um relacionamento.

De forma leve e cômica, a história percorre as angústias de cada um: alguém que precisa dar um passo à frente e alguém receoso em fazê-lo. Para a dupla mais cômica de amigos – Matt e Willa, a relação não consiste somente em enxergá-los como pessoas tão diferentes, mas encontrar os sentimentos que os aproximam tanto.

Com uma construção um pouco clichê e que repete uma fórmula onde as figuras femininas imperam como as controladoras, perfeccionistas e que almejam um futuro a dois dividindo o mesmo espaço, a personagem de Hallie acaba sofrendo, sem grandes novidades, por “amar demais”. No entanto, Hallie permite-se experimentar, sofrer, se apaixonar por uma garota e voltar – agora com uma outra ideia sobre o seu relacionamento.

De qualquer forma, não podemos ser injustos ao analisar apenas as primeiras impressões: Hallie precisa de uma resposta sim, mas Owen também necessita dela urgentemente: é preciso uma ação profunda e adulta, é preciso, afinal, correr riscos! Assim, Em um relacionamento sério notabiliza um ciclo altamente provável e pouco percebido que é o fato de estarmos sempre nos conhecendo – a nós e aos outros. Não à toa, o filme que inicia com a cena em que Hallie e Owen se conheceram – há pelo menos 5 anos, um consenso que é também motivo de briga – é reprisada ao final, ecoamos sem exatamente repetir incessantemente o que cada relacionamento exige para que exista como tal: a paciência, a compreensão e, claro, um constante irrompimento sobre o ser em nós mesmos.

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